quinta-feira, 14 de abril de 2011

Puxão de Orelhas

Sucedem-se os «puxões de orelhas» das mais altas instâncias europeias aos políticos portugueses. Depois do comissário europeu para os assuntos económicos e monetários, Olli Rehn, foi a vez de Durão Barroso, o português que preside à Comissão Europeia. E, por fim, o presidente do próprio Eurogrupo.

Jean-Claude Juncker foi só o mais recente responsável europeu a perder a paciência com os políticos portugueses. «Sem papas na língua», disse aos partidos nacionais que se foquem nas suas obrigações (nacionais e europeias) e que deixem um pouco de lado a campanha eleitoral.

«Os principais partidos políticos de Portugal devem deixar de lado a campanha eleitoral e focar-se nas obrigações nacionais e europeias», disse, lembrando que «Portugal está numa situação política precária».

Um tom educado, para sugerir que os partidos políticos portugueses parem com as querelas partidárias e se foquem naquilo que realmente deve interessar neste momento, que é o interesse nacional e do povo que os elege.

Antes de Juncker, também Durão Barroso se viu obrigado a chamar a atenção dos seus compatriotas: disse esperar dos políticos portugueses «um maior sentido de responsabilidade» para resolver o quanto antes uma situação que, além de «delicada», é também «extremamente urgente».

Na semana passada tinha sido a vez de Olli Rehn. O Governo não queria liderar as negociações com a oposição com vista ao compromisso nas medidas de austeridade que o país terá de aplicar em troca do financiamento do FMI e de Bruxelas e o Presidente da República pedia «imaginação» aos responsáveis europeus para tratar da crise portuguesa. O comissário europeu só não mandou calar directamente os representantes da nação. Mas não se coibiu de responder que «muita imaginação» já Bruxelas tinha tido para lidar connosco e que estava na hora de nós, portugueses, nos entendermos.

José Sócrates assumiu então as negociações que agora decorrem com os partidos. O objectivo é alcançar um compromisso das várias cores políticas com a aplicação das medidas de austeridade que forem acordadas com o FMI. Sem esse acordo, a ajuda pode não chegar ou chegar com condições piores, se o processo se arrastar ainda mais.

O PSD continua a preferir uma ajuda intercalar, que permita ao país «sobreviver até às eleições, para que o pacote de austeridade seja negociado só pelo próximo Governo. Bruxelas já disse e repetiu que isso não existe. A ajuda é negociada toda de uma só vez. É pegar ou largar.

Comentario:Pena é que os portugueses não saibam pedir responsabilidades aos "nossos" politicos e depois se finjam muito escandalizados com estes comentarios vindos de fora.

Sem comentários: