segunda-feira, 30 de maio de 2011

Quinta Nova de Santo António


Quinta Nova de Santo António
ou Quinta dos Ingleses

Conheça a história da quinta que se situa
entre o centro de Carcavelos e a Praia

Foi por influência do Marquês de Pombal que, em meados do séc. XVIII, José Francisco da Cruz, 1º Morgado da Alagôa, amigo próximo daquele estadista e tesoureiro do Real Erário, nomeado por D. José I, se instalou nas ancestrais terras da "Lobita", na que ficaria conhecida, ao que se julga, pela anexação das quintas da Ordem, do Selão e da Fonte da Aldeia, por Quinta Nova ou Quinta Grande.

O solar, notavelmente decorado e mobilado, integrava uma bela capela, rica em azulejaria, dedicada a Santo António, o que levou a que a Quinta fosse depois definitivamente designada por Quinta Nova de Santo António; enquadrava-o um belo jardim, decorado com estátuas, lagos e canteiros de flores e uma parte rural constituida por pomar e vinha (500 pipas anuais). Todo o conjunto era densamente arborizado, destacando-se o pinhal de que ainda hoje resta uma parte considerável.

A quinta é vendida à Eastern Telegraph Company, empresa Inglesa de comunicações por cabo submarino, que lança as primeiras ligações para Falmouth, Gibraltar e Malta.

Em 1877, o solar foi pasto de um violento incêndio que destruiu quase por completo a sua ala este, sofrendo depois, durante as obras de reconstrução, várias modificações de acordo com as necessidades funcionais da Companhia; é neste processo de remodulação que a capela é completamente desactivada, sendo transferidos os seus azulejos para as paredes das escadarias do edificio central.

Na transição do séc. XIX para o séc XX, a Companhia, tendo em vista a ocupação dos tempos de lazer dos seus funcionários, maioritariamente Ingleses e como tal muito ligados à actividade desportiva, constroi um amplo conjunto de estruturas que vão possibilitar a práctica de diversos desportos, nomeadamente o futebol, o râguedi e o hóquei em campo, aqui praticados pela primeira vez no nosso país, e também o ténis, o "cricket" e o golfe.

Em 1932, ainda integrado na Eastern Telegraph Company, nasce o "St. Julian´s School" com o objectivo de receber cerca de 30 alunos Ingleses cujos pais, funcionários da Companhia, não desejavam enviar os seus filhos para Inglaterra

Já em 1962, fechadas as comunicações por cabo submarino que haviam levado à constituição da Eastern Telegraph Company, esta vende a totalidade das suas instalações ao "St. Julian´s School" que, actualmente, acolhe cerca de 800 alunos divididos por 3 secções: Inglesa, Portuguesa e "Kindergarten".

Simultâneamente, os terrenos envolventes desta área foram vendidos por aquela companhia à Savelos, Sociedade Imobiliária que, desde então apresentou vários projectos de urbanização, sucessivamente rejeitados e abandonados. Actualmente é proprietária dos terrenos a empresa Alves Ribeiro/Savelos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Grande Homem


«Vejo esta crise com muita apreensão, com muito desgosto, com alguma vergonha. Estou convicto que esta crise era evitável se à frente do país estivessem pessoas competentes, isentas, pessoas que não se considerassem responsáveis por clubes, mas que se considerassem responsáveis por todo um povo, cuja sorte depende muito deles. E fico muito irritado quando, por parte desses senhores, que nós escolhemos e a quem pagamos generosamente, vejo justificar que esta crise impensável por que estamos a passar, é resultante de uma crise mundial. Há pontas de verdade nesta justificação. Esta crise, embora agravada por situações internacionais, é uma crise que já podia ter sido debelado por nós há muito tempo, se nós não andássemos a estragar o dinheiro que precisávamos para o pão de cada dia.(...) Estas situações, da maneira como estão a ser agravadas e, sobretudo, da maneira como estão a ser mal resolvidas, podem ser focos muito perigosos de um incêndio que em qualquer momento pode surgir e conduzir a uma confrontação e a uma desobediência civil generalizadas (...). Mete-me uma raiva especial quando vejo o governo a justificar as suas políticas e as suas preocupações de manter e conservar e valorizar o estado social do país. Pois se há alguém que esteja a destruir o estado social do país, é o governo, com o que se passa a nível da saúde, a nível da educação, a nível da vida das famílias, dos impostos, dos remédios, mas que tem só atingido as pessoas menos capazes, enfim as pessoas que andam no chão, as pessoas que estão cada vez com mais dificuldades em viverem o dia-a-dia, precisamente por causa destas medidas do governo.»


D. Manuel Martins, antigo Bispo de Setúbal à antena1